terça-feira, março 13, 2007

O regresso...

Um dia, vários anos depois, regressei aquele lago com que sonhara todas as noites desde que partira.
Ao chegar notei que a vegetação em redor era agora muito mais densa e só usando a minha espada consegui avançar lentamente. Os meus olhos viram, e não consegui fugir de uma realidade que me fez parar e cair de joelhos.
A torre, outrora pequena e ridícula, era agora imponente, passando as nuvens em altura e desafiando os ventos que a agrediam. Estava envolta num emaranhado de plantas trepadeiras espinhosas, de aspecto velho e aterrador.
Olhei para o alto, mas era impossível saber se a minha Princesa continuava na varanda, pois a névoa era espessa e negra, perturbando a minha visão.
Furioso, desembainhei novamente a espada, e comecei a cortar as trepadeiras e espinhos que envolviam a torre. Durante horas, cortei e arranquei com as próprias mãos, aquela Natureza feia que me impedia de subir ao meu destino.
Por fim, completamente exausto, e perto do descontrolo, larguei a espada e iniciei uma escalada de impulso, ignorando a dor profunda que sentia enquanto os espinhos rasgavam a minha roupa e pele, a cada metro que avançava.
Estava já muito perto da varanda, mas não conseguia ver o que me esperava.
Por fim, consegui alcançar o topo da torre e parei durante uns segundos para recuperar, em vão, o fôlego e as forças.
Então, sem que pudesse resistir, ou agarrar-me a qualquer esperança, escorreguei e mergulhei com vertigem para o chão distante. Fechei os olhos e desejei que tudo acabasse depressa. Talvez, a sorte me fizesse cair em cima da espada que deixara cravada na terra molhada. Morreria de forma mais digna e combatendo, não contra dragões ou negros exércitos, mas por algo igualmente nobre.
Foi com espanto que o meu mergulho se transformou num pequena queda, incapaz de provocar um simples arranhão. Sem que percebesse, a torre voltara ao seu tamanho inicial, pequena e já sem quaisquer névoas a envolvê-la.
Estava deitado de costas num manto daquelas folhas que enchiam agora o lago por completo, à excepção de uma ínfima parcela que deixava a água brilhar reflectindo a luz do Sol. Esse espaço por preencher, tinha as medidas exactas de uma única folha e esperava que a mesma brisa mágica, o cobrisse finalmente.
Levantei-me e olhei para a varanda, onde encontrei a Princesa dos meus sonhos, desta vez sorrindo e sem procurar fingir que me observava. Nos cabelos não restavam folhas, mas nas mãos guardava apenas uma, que poderia caber na perfeição no último espaço que restava no lago.
Era a mesma folha que lhe tinha deixado quando ali estivera e em que agora recaía uma imensa responsabilidade.
Sorri e afastei-me um pouco, para me sentar numa sombra calma não muito longe dali.
Esperaria tranquilo, com a certeza de que o destino depressa revelaria os seus segredos, afastando ventos difíceis e tempestuosos.
Dormi com um sorriso mais doce e aguardei a minha sorte…

4 comentários:

kolm disse...

Não preciso de dizer anda... pois não?! (sorriso enorme)

Abelhinha disse...

comento mais tarde

Joana disse...

quando a maré se volta a nosso favor é o melhor momento... quando só falta uma peça para terminar o puzzle e ja a temos na mão isso é destino... que a tua história de cavaleiros e princesas acabe com um tenro "viveram felizes para sempre"... :) é isso que todos nós procuramos...
apesar de princesas e principes estarem em vias de extinção...

Kiau Liang disse...

Bom regresso....

:)