quinta-feira, janeiro 18, 2007

Um dia...

Um dia, um rapaz passeava junto ao mar.
Era Primavera e o ar salgado deixava-lhe um sorriso na face...
Sem perceber caminhou durante séculos e se a terra fosse mesmo redonda por certo não ia parar.

Mas à medida que a Lua murmurava ao Sol para se despachar, começou a levantar-se uma brisa...
Não era uma brisa normal. Parecia que falava baixinho.
Falava com ele mas sem palavras que pudesse ouvir.
Mesmo assim sentia algo...arrepios, medo, e quase fugiu correndo...

Tinha que ser forte....
Nem com todos a brisa fala...e já que o escolhera, devia tentar ouvir.
Quase sem pensar, entrou pela maré...
Acariciou as ondas envergonhadas e sorriu para o mar...

O mar sorriu também, para depois soltar uma enorme gargalhada que engoliu o rapaz...
Num turbilhão de água sentiu o fôlego a fugir, e gritou pelo ar que lhe era roubado...

Por segundos pensou que dormiria...para acordar num mundo distante, perto de uma sereia.
Com conchas coloridas e mantos verdes de saudade...

Mas não!!
Apenas rebolou na água morna...
Bebeu litros, espirrou sofrimento...
Durante uma hora pontapeou a morte sem chorar uma lágrima...

Saiu voando então...
Aterrou com estrondo na areia, e ficou parado a olhar o mar...
As conchas eram brancas por toda a parte...
Não havia sereia, nem um mundo diferente...

Escolheu por fim a sua realidade, porque se o senhor mar não o aceitou, alguma razão devia ter...

2 comentários:

Cláudia disse...

Lindo...
Maravilhoso este texto.
Um beijo

Kiau Liang disse...

Mas o mundo tinha mudado...muda sempre, depois de se ter coragem para pontapear a morte sem chorar uma lágrima....


Percebo a preferência...

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