Se pudesse rir tinha a certeza que o faria até me doerem os músculos da barriga. Mas a vontade é de soltar sorrisos que me mantêm a baloiçar sem saber o que fazer.
Há dois dias reparei que a minha colega de trabalho tinha imensos caracóis. Seria estranho e até pouco usual, que só ao fim de meses pensasse nisto. Mas eram mesmo muitos e a cada minuto parecia que aumentavam.
Parei de trabalhar, como faço frequentemente, e pus-me a observar enquanto falava. E foi então que começou. Certas plantas, se não forem regadas, ficam com as folhas muito fracas e ao perderem vigor, começam a escorregar para junto de um vaso ou da terra. Se lhe devolvermos a água, de imediato as folhas começam a mexer-se e a levantarem-se contra a ideia de imobilidade que tantas vezes temos destes seres.
Com os caracóis da minha colega...parecia que acontecia o mesmo. Notei que, enquanto falávamos, a cada minuto que passava uma madeixa de cabelos encaracolava subitamente. De início pensei não estar a ver bem, mas ao fim de dez minutos comecei a transpirar de nervosismo. Com um relógio, controlei ao segundo o tempo que separava estes momentos e logo tive a certeza. Ao fim de exactamente sessenta segundos, lá ia mais um pedaço de cabelo para cima, encaracolando de forma rápida e tão perfeita.
Depois, parei de conversar, e os caracóis pararam também. Se continuasse calado muito tempo os outros começavam a estender-se anulando a forte ondulação que já tinham formado. Comecei de novo a falar!
Durante quase uma hora não me permiti a um meio segundo de silêncio. Os caracóis formavam-se cada vez mais rápido. Partiam a grande velocidade para o alto, unindo-se aos que já haviam feito o mesmo percurso.
A minha colega ganhava um lindo sorriso, percebendo-se diferente.
Quando já não haviam mais madeixas para encaracolar, continuei a conversar, rindo e contando histórias antigas. Os caracóis riam também e agradeceram a voz que os protegeu e fez de novo viver.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Isso é um cabelo meio à Medusa... sorte a tua que esses caracois gostavam de dois dedos de conversa! um apetite bem mais pacifico que o da figura mitológica! :)
bjs
A Inês costuma dizer-me:
- Mamã tens uns caracóis gigantescos. São uns caracóis tontos.
Se ela visse esses!
Eu tenho a certeza que o cabelo também fala por nós (muitos risos mesmo) por exemplo... eu tenho caracóis (naturais) que quando estou bem disposta encaracolam quase fazendo brilhantes e sumptuosos canudos. E quando lhes espeto os dedos parecem rir (mais risos ainda)... se por acaso estou fisicamente indisposta ou até mesmo acordei sem paciência os meus caracóis tem tendência a cair desmaiados pelos ombros abaixo... e se nesta altura lhes espeto os dedos para os espevitar eles embaraçam-se em grandes nós difíceis de tirar...
Concluindo... fica aqui a teoria do caracol rebelde (hehehe)!!!
Vou deixar-te uma musica (se me permites ;-)) que tem o condão de me deixar extremamente bem disposta e com vontade de atravessar os mundos a uma velocidade estonteante... reza assim.
"Come down now," they'll say
But everything looks perfect from far away
"Come down now," but we'll say...”
“Such Great Heights” – “Postal service”
Um abraço (só a pouco tempo vi o filme vencedor) enorme para ti e confesso que estava cheia de saudade de ter tempo de visitar estes pequenos espaços que completam os encantados!!!
:)
[e que outro bonito cantinho me andava a escapar...! É de ficar ainda com mais vontade de ler o teu Duende ;)]
convite: www.noivas-arte.blogspot.com
quando era pequenina adorava que o meu cabelo tivesse caracóis. uns canudos largos côr de mel, o cabelinho de chinesa que tinha não me agradava. pensava já ter ultrapassado o desejo... c este texto lembrei-me de tudo outra vez e acho q voltei a querer caracóis de novo. :P
Enviar um comentário